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transitiva e direta

January 12, 2009 22:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

bailarina

September 25, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet

a vida gosta de me botar de dǝɹnɐs dɹo ɐɹ.
eu levo mandinga, vacilo na ginga,
deixo ela me dançar.

bailarina de pés nas estrelas, 
tem vão, tem ribanceira, tem 
água no meu olhar.

se eu me aprumo na dianteira,
ela se agita, cai no funk do vatapá.
é a vida! é a vida! êta vida!

- essa vida de improvisar!



para morar zen

July 17, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet



amputados

June 16, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet





existem almas que
não aceitam ser
enjauladas.

- homens e mulheres
que recusam
a opressão
e a culpa de
sentirem o
que sentem.

existem animais,
humanos, indomesticáveis,
que não aceitam morrer
antes do tempo.
que berram
impulsos intuitivos

que não amansam
nem se endurecem.

mas se ferem nas barras da opressão.
- nostalgia de si mesmos.



banalizar o bom

June 11, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet



eu não compareci a minha formatura no prezinho. o bolo do meu aniversário de 15 anos não teve nada de diferente. quando terminei a faculdade, na noite da colação de grau, em vez de usar toga, fui ao cinema. eu não tenho o hábito de frequentar natais em família. também me aborrece ir a festas que impõem determinado estilo de roupa ou comportamento.


há quem diga que sou chata, anti-social, do contra. mas o fato é que nenhuma solenidade me diverte e realmente não me sinto motivada ao ponto de comemorar datas destacadas no calendário. o dia dos namorados, por exemplo, acho meio brega. um pouco pelo consumismo, outro tanto pelo excesso de corações nas vitrines. 


digamos que sou menos pompa e mais circunstância. gosto é dos rituais do dia-a-dia. do batuque dos corações de verdade. de fazer um brinde à vida em plena mesmice de segunda-feira. de reunir toda a família para almoçar arroz e feijão numa quarta qualquer. de ler alguma coisa legal e anotar para dar de presente a uma pessoa amiga.


assim como nunca espero um momento apropriado para dizer eu te amo nem guardo roupas para vestir em ocasiões especiais, quero festejar páscoas e colar grau todos os dias. pular carnaval na sala em pleno agosto. postar um cartão natalino em abril. ou apenas me sentir à vontade para viver minha melancolia momentânea mesmo que seja dia de festa ou o mais importante feriado nacional.


o que eu estou falando é de desmistificar os dias santos. valorizar nossas datas queridas e celebrar a vida sem convenções, restrições, etiquetas. virar o ano quando sentir vontade, servir a melhor bebida sem razão aparente e banalizar os momentos importantes. ou simplesmente reverenciar uma coisa boa a cada dia.

- por que hoje é dia dos namorados e o comércio está em festa, resolvi publicar de novo este textinho escrito em julho de 2008.



aluna exemplar?

May 29, 2012 21:00, by Unknown - 0no comments yet


isso aconteceu na primeira série, quando eu tinha 7 anos, mas até hoje não me sai da memória. era uma segunda-feira, dia em que a professora ana lúcia devolvia corrigidos os trabalhinhos da turma – tarefa a qual, imagino, ela se dedicava durante os finais de semana, entre um e outro afazer doméstico. o fato é que quando a segunda-feira chegava, além de levarmos o restinho de euforia do sábado e do domingo para a sala de aula, eu e meus coleguinhas eramos acometidos por essa ansiedade extra de receber as atividades já avaliadas pela professora.

ana lúcia era cheia de esmeros: quando algum aluno ou aluna se saía muito bem, ela desenhava estrelinhas na cabeceira da folha e escrevia coisas como “parabéns!” ou “excelente!”. os estudantes que não correspondiam às suas expectativas, no entanto, não eram agraciados pela mais cobiçada constelação de tinta bic de todo o primário. mas a professora ana lúcia era boazinha e nunca deixava de registrar frases de incentivo. “juntos vamos melhorar o seu desempenho!” é a que eu mais lembro de ter lido ao longo do ano – não no meu próprio caderno, pois a verdade é que àquela altura eu ainda era uma “aluna exemplar”, como a direção da escola costumava repetir aos meus pais.


naquela segunda-feira, entretanto, esse conceito de boa aluna começou a virar farelo na minha cabeça. sentada ao lado do meu querido colega dieguinho, eu senti – talvez pela pela primeira vez – aquele comichão de que “opa! há algo de podre no reino da dinamarca”. o causo é que o desenho que o dieguinho pintou não estava adequado ao gosto da professora. tratava-se de uma reprodução mimeografada da personagem de quadrinhos mônica, criada pelo cartunista maurício de souza, e a qual eu havia colorido exatamente como mandava o figurino das revistinhas: o vestido vermelho, a pele amarelada, o coelhinho de pelúcia azul.


mas o dieguinho não. aos 6 anos e meio, aquele menino doce, de olhos bem azuis, sardas e um pouco baixo para a nossa idade, achou por bem subverter a ditadura das cores e pintou a sua mônica como bem quis: um perna roxa e a outra laranja, os cabelos verde-limão, sim, porque não? e quem disse que os dois braços têm que ter a mesma tonalidade? diferente de mim, o dieguinho tomou o desenho livremente como um espaço para a sua própria produção artística, mas a recompensa pela ousadia foi a reprovação da professora, além de uma boa dose de gargalhadas e xacotas dos outros coleguinhas.


eu não achei a menor graça e estava convencida de que o desenho do dieguinho estava muito mais bonito e “correto” que o meu, uma típica “aluna exemplar”. além de expressar-se artisticamente, ao pintar o desenho de acordo com o seu próprio senso estético, o dieguinho estava questionando uma lógica de que “existem coisas que são assim e ponto final”. mas a contestação não é vista com bons olhos pela escola. ao contrário, parece que o papel central da educação é “satisfazer” a nossa criatividade, como se as interrogações tivessem que ser “sanadas” sempre com uma resposta.


nem mesmo a professora ana lúcia, sem dúvida uma das mais adoráveis e empenhadas educadoras que tive, foi capaz de fazer uma análise sobre o ocorrido. pior ainda: imagino que a própria ana lúcia tenha sido formada para reproduzir esses “saberes” tão universais quanto irrefletidos que definem o que é certo e errado. naquela fatídica segunda-feira, infelizmente, quem pagou o pato por este modelo “educativo” foi o meu colego dieguinho.


já faz muitos anos que não o vejo e espero que, na contramão do que lhe impunha a escola, ele tenha crescido com base no seu senso crítico. que não seja, portanto, um “home-feito”, como certamente o mundo lhe exige cotidianamente, mas que seja um homem em construção. a mim, dieguinho ensinou que ser uma “aluna exemplar” não é seguir roteiros predeterminados.


de alguma maneira, a mônica pós-punk de pernas bicolores do meu colega dieguinho me apontou um caminho diferente de aprendizagem. nele, não é possível encontrar fórmulas prontas nem respostas imediatas, mas sim um vasto jardim de interrogações. cada dúvida semeia uma curiosidade e assim se plantam novas descobertas.


claro, não é um processo tão imediato quanto marcar um x na alternativa correta ou reproduzir realidades idênticas às que nos contam os gibis e outros livros de história. no entanto, pode ser que o ato de estudar tenha mais a ver com deixar-se levar por certas subjetividades e perseguir a própria inquietação intelectual do que simplesmente aceitar uma coletânea de realidades incontestáveis.



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