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Notícias

March 19, 2013 21:00 , von Ligia - | Es folgt noch niemand diesem Artikel.

Notícias (sobre temas de interesse aos gts, por nós mesmas)

Notícias (sobre temas de interesse aos gts, por nós mesmas)

 

GT Nacional de Mulheres lança carta na Marcha das Margaridas

August 13, 2015 17:56, von Fórum Brasileiro de Economia Solidária (Economia Solidária no Brasil) - 0no comments yet

Por Secretaria-Executiva FBES

O GT Nacional de Mulheres do FBES esteve presente na Marcha das Margaridas, ontem (12-08) em Brasília (DF). Também neste dia, o GT fez a distribuição da carta. O GT tenta consolidar o tema economia solidária e feminista como estratégia possível para a emancipação das mulheres.

Brasília, 12 de agosto de 2015.

Pela Manutenção e Fortalecimento das Políticas Públicas de Economia Solidária no campo, cidade e floresta e pelo fim do Feminicídio e de todas as opressões!!!

Como em outros anos, o GT Nacional de Mulheres, do Fórum Brasileiro de Economia Solidária - FBES, organização da sociedade civil que busca através da atuação nos fóruns de economia solidária a politização e fortalecimento da Economia Solidária no Brasil. Estamos presentes na Marcha das Margaridas fortalecendo e unindo as lutas.

A economia solidária é uma proposta antagônica ao capitalismo, que visa construir através da solidariedade, da cooperação e da autogestão uma outra economia, que precisa ser mais feminista, que valorize as pessoas e seja menos agressiva ao meio ambiente. Construir essa proposta é se aproximar da noção de bem-viver, numa relação próxima com a natureza e cuidado nas relações pessoais.

O GT Nacional de Mulheres tem buscado aprofundar os diálogos sobre a economia solidária e feminista em reuniões, participações em espaços públicos e também em processos de formação, para empoderar cada vez mais as mulheres, e através disso superar o machismo, o racismo e a homofobia. Ainda lutamos contra a invisibilidade e a precarização do trabalho feminimo, através do trabalho associado. Apesar de muitos avanços neste sentido, é preciso intensificar nossa luta. Ainda vivemos em tempos em que barbáries como o Feminicidio existem.

Dessa forma, Marchamos Juntas na Marcha das Margaridas:

* Por Soberania Alimentar

* Por Terra, Àgua e Agroecologia

* Por Sociobiodiversidade e acesso aos bens comuns;

* Por Autonomia Econômica - por uma Economia Solidária e Feminista

* Por uma Educação não-sexista, não-machista e anti-homofóbica

* Contra a Violência Sexista

* Pelo Direito a Saúde e Direitos Reprodutivos

* Por Democracia, Poder e Participação das Mulheres

Sem as mulheres não há desenvolvimento! Somos igualmente fundamentais em todos os processos de construção e merecemos respeito e acesso as oportunidades não somente com relação a melhoria do trabalho e renda, mas também ao reconhecimento humano e solidário a todas as nossas especifidades, valorizando-as, entendendo-as e percebendo que as diversidades são forças propulsoras de uma sociedade democrática.

Queremos a consolidação das Políticas Públicas de Economia Solidária, possibilitando maior acesso ao crédito para melhoria de nossa produção, bem como, o fomento e construção de locais de comercialização adequados e a flexibilização de regras da vigilância sanitária para os empreendimentos econômicos solidários. Ainda afirmamos nosso projeto de agricultura para este país - onde o sistema agroflorestal é sem dúvida alguma, a agricultura mais sustentável que existe, SEM AGROTÓXICO e SEM TRANSGÊNICO.

Economia é todo dia! Nossa vida não é MERCADORIA!

  • Senaesénossa #PeloFimdaViolêncianoCampo #PeloFimdoFeminicidio #EcosoléSolução #AutonomiaEconômicadasMulheres #NenhumaMulherOprimida #NenhumaMulherExplorada

    Leia carta completa em: http://zip.net/blrNQpCopiar



Marcha das Margaridas

August 13, 2015 12:19, von crisb - 0no comments yet

No campo, trabalhadoras se mobilizam em defesa da mulher

"Junto com as entidades, sindicatos, começamos a fazer um trabalho de denúncia, a partir da própria associação. Fizemos marcha no Dia das Mulheres. A gente começou a perceber que a violência só acaba quando a gente deixa de ter vergonha e o agressor é quem passa a ter vergonha. Foi nisso que a violência acabou",

lembra a trabalhadora Neneide Lima, há 22 anos no assentamento e defensora do direito das mulheres na Marcha das Margaridas, que promove sua 5ª edição nesta quarta-feira, na capital federal.

Veja texto inteiro abaixo.

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Uma década depois da criação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, ligada à Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), o serviço reflete um amadurecimento da sociedade brasileira no combate à violência contra a mulher. Em 2015, aponta a secretaria, cresceu o número de  familiares, vizinhos e amigos que ligaram para relatar violências sofridas por mulheres. Ao mesmo tempo, diminuiu o número de registros feitos pela própria vítima. Essa mudança de comportamento também é sentida no campo, onde o sonho de uma agroecologia sem veneno e sem o sangue das mulheres se aproxima do mundo real.

Foi assim que um grupo de mulheres que vive da agricultura familiar no Rio Grande do Norte salvou a vida de uma trabalhadora que sofria violência do companheiro em um assentamento a 35 quilômetros da cidade de Mossoró. Percebendo que a vítima da agressão estava amedrontada diante da situação, o grupo, que ocupa a região para a produzir "frutos" da apicultura, hortaliças e outros resultados da agricultura familiar, resolveu agir.

"Junto com as entidades, sindicatos, começamos a fazer um trabalho de denúncia, a partir da própria associação. Fizemos marcha no Dia das Mulheres. A gente começou a perceber que a violência só acaba quando a gente deixa de ter vergonha e o agressor é quem passa a ter vergonha. Foi nisso que a violência acabou", lembra a trabalhadora Neneide Lima, há 22 anos no assentamento e defensora do direito das mulheres na Marcha das Margaridas, que promove sua 5ª edição nesta quarta-feira, na capital federal.

O caso aconteceu em 2006, mas, segundo Neneide, ainda espelha exemplos. "Ele se sentiu tão acuado, se sentiu tão humilhado, que foi embora. Ele deixou o assentamento, porque isso foi de conhecimento público. Se ela tivesse continuado sofrendo sozinha, se ela não tivesse colocado para comunidade, com certeza, até hoje ela estaria ainda sofrendo violência", diz.

A trabalhadora que ajudou a mudar a vida da colega em Mossoró afirma que a comunidade em que vive há mais de duas décadas tem como ideologia de trabalho a agroecologia. O grupo se preocupa com a procedência dos alimentos fornecidos, passando pelo mal dos agrotóxicos ao crime da violência contra as mulheres trabalhadoras.

"Não basta ter só o produto. Tem que, também, saber de onde o produto vem. Se é agroecológico, se é da economia solidária, sem veneno, mas que nele  também não vá o sangue das mulheres", defende a trabalhadora, que reconhece avanços na preservação do direito das mulheres na última década. 

Avanços

A coordenadora da Marcha das Margaridas do Amazonas, Maria das Neves, ressalta os avanços nos últimos anos promovidos pelo governo federal em favor das mulheres, como a criação da  Secretaria de Politicas para as Mulheres, "fruto da mobilização da sociedade brasileira".

"Iniciamos um processo de conferências públicas, que gerou um plano nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres. Nós aprovamos, em 2006, a Lei Maria da Penha. As mulheres são mortas simplesmente por serem mulheres", denuncia.

Pela primeira vez na Marcha das Margaridas, Vicentina do Prado, 77 anos, do Mato Grosso, acredita que as mulheres buscam o melhor para o país, "sempre com muito trabalho".

Participaram da abertura do evento cerca de 15 mil pessoas no Estádio Mané Garrincha. A Marcha reúne mulheres trabalhadoras rurais de todo Brasil e, nesta edição, tem um tema especial: a defesa da democracia no Brasil.

 

Fonte:

 

Portal Brasil



Frases para mulheres praticarem (comece hoje! Crie outras mais!)

August 12, 2015 18:28, von Economia Solidária e Feminista - FBES - 0no comments yet
Empodere Duas Mulheres

7 h ·

Emoticon heart



Mulheres roceiras, mulheres doceiras e as muitas mulheres que convivem numa só

August 8, 2015 11:56, von Economia Solidária e Feminista - FBES - 0no comments yet

A mão que lavra a terra é a mesma que transforma os alimentos que cultivou em doces, geleias e compotas. Da dureza à doçura, as mulheres têm papel fundamental e estratégico na agricultura. Os versos de Cora Coralina, doceira, poeta e agricultora, partilham a ideia de que várias mulheres convivem numa só: “vive dentro de mim a mulher cozinheira (…); a mulher do povo (…); a mulher roceira, (…), trabalhadeira, madrugadeira, bem parideira, bem criadeira (…)”. Cora, também conhecida como Cora Coragem, retornou a sua terra-natal aos 67 anos para começar a produzir doces. E foi aos 76 que começou a escrever. Militou em diversas causas a favor da mulher, entre as quais, o voto feminino. Sua história é revivida repetidas vezes sem perder a força e graça na vida de mulheres do campo.

É o caso de Dona Juju, de 69 anos, moradora do município de Magé, Região Metropólitana do Rio de Janeiro. De família de agricultores, nasceu e foi criada na roça. Já foi cozinheira, costureira, garçonete, serviu cafezinho na rádio Tupi, onde até fazia comentários no ar, mas foi na lavoura que encontrou motivação e prazer. Juju conta das dificuldades em ser reconhecida como agricultora tanto pelo sindicato rural como pelas entidades governamentais de assessoria técnica. O caminho para se manter na roça começou pelos doces. Numa cozinha comunitária, junto com as amigas Lourdes e Guida, transformou sua colheita em geleias e compotas.

Em 2008, vislumbrou a chance de apresentar sua produção doceira na Feira da Agricultura Familiar e da Reforma Agrária (FENAFRA), promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e que também tem o nome de Brasil Orgânico Sustentável. Foi a partir deste evento que se aproximou do que ela chama de “articulação”, ou seja, pessoas que incentivaram e auxiliaram a firmar os passos no caminho escolhido: plantar e fazer doces. Uma dessas pessoas é Marcio Mendonça, Coordenador do programa de Agricultura Urbana da AS-PTA. “Os doces fizeram sucesso, as agricultoras venderam muito e se sentiram empoderadas por participar de uma feira nacional. Fazem referência até hoje sobre esse ocorrido”, lembra Mendonça.

Hoje, com a cozinha Colher de Pau, ela produz mais de 23 tipos de doces e farinhas, como as de berinjela e quiabo. “Se me tirar da roça, não sobrevivo. É lá que planto, colho e cozinho”, diz Juju. A amiga Guida acrescenta que “vive aprendendo e ensinando porque todo dia aprende alguma coisa”. O ponto de encontro dessas roceiras e doceiras é na feira, outro espaço de convívio e reconhecimento de suas capacidades e autonomia. Como feirantes, trocam receitas, ideias e saberes. O relacionamento com os fregueses é estimulante, pois se sentem valorizadas. “Sou grata a Deus. Já fiz curso de tudo e aproveito toda a chance que tenho. A gente fica com vontade de fazer o melhor. A feira é um lugar de troca de agricultura e cozinha”, diz Neuza Benevides, de Guapimirim. Cecília Cantalejo, também de Guapi, reconhece que às vezes dá um desânimo, mas logo emenda na conversa: “Deus me dá força. Na dificuldade a gente vai aprendendo, o cliente vai gostando e a gente fica feliz”.

Roceiras, doceiras e poetas

Mesmo em meio aos vários papéis que exercem no dia a dia, essas guerreiras não perdem a força nem o riso. Sempre sorriem quando olham para o futuro. E se são indagadas sobre o que é ser agricultora, as roceiras, doceiras e feirantes, descobrem-se poetas. A poesia também é para comer. Se a comida alimenta o corpo, as palavras alimentam a alma. O escritor amazonense Aníbal Beça compara o fazer doce com o fazer poemas: “o fruto palavra/ de doce mascavo/ repuxa viçoso/ no tacho da boca/ mel caramelado”. O poeta português Agostinho Silva escreve que “a quem faz pão ou poema/ só se muda o jeito à mão/ e não o tema”. Por isso, as mulheres da roça, do doce, da feira, também são da prosa e da poesia. Basta uma folha de papel e uma caneta e logo saem os versos e declaração de amor aos seus ofícios:

“Plantar mais, colher mais, vender mais. Ir em frente com Deus na frente”

“Ser agricultora é ser criadora, ser feliz e ser um pouco de Deus”.

“É ter amor por aquilo que faz”.

“É sempre ter esperança”.

“É a minha vida”.

“Quando estou na cozinha fazendo doce emano amor”.

“Quando estou na cozinha, estou feliz por estar aprendendo para levar algo diferente para a feira”.

Nair Benevides, de 86 anos, a mais experiente do grupo e e mãe do agricultor Anysio, e das agricultoras Neusa e Orenir ensina: “A roça é o meu prazer. Mesmo com toda a dificuldade, a gente avança”. Além de dedicar a vida na roça, foi cozinheira de mão cheia, enxadeira de seu pai (função responsável por levar comida e café para os trabalhadores), entre outras tarefas do campo, que hoje também fazem parte da vida de seu filho e suas filhas.

Outras, como Clemilda Nazário, de Guapi, dizem que é grande a alegria de plantar, fazer o doce e ver as pessoas saborearem e dizerem “é o melhor doce que comi na minha vida. A gente planta com amor e faz com mais amor ainda”. Neuza concorda e diz que “quando faz doce está vivendo”. Se erra na receita, não tem problema: “vira outro doce. Plantar e preparar o próprio doce tem sabor diferente”. Na opinião de Dona Juju, as mulheres são mais conscientes, pois são mais sensíveis com o respeito e cuidado da natureza.

Roceiras, doceiras, poetas e gestoras do ambiente

Essa consciência é destacada pela presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Pacheco. Ela considera as mulheres como produtoras de bens, gestoras do ambiente e portadoras de uma lógica não destruidora da natureza. Com isso, levantou a necessidade de empoderar as mulheres. Ela que também faz parte do núcleo executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) é autora dos primeiros textos que reivindica maior atenção à participação feminina na agroecologia no Brasil. Em 1997, ela atentou para a invisibilidade do trabalho da mulher na agricultura e a importância das outras atividades produtivas que elas desempenham na família, tais como os quintais, a criação de animais domésticos e demais tarefas consideradas secundárias em relação às culturas comerciais. A então presidenta do Consea propunha que os projetos agroecológicos evidenciassem os espaços de produção em que as agricultoras assumiam papel principal, reconhecendo-as como sujeitos produtivos.

De acordo com Renata Souto, assessora técnica da AS-PTA e que está à frente do trabalho com as mulheres na região metropolitana do Rio de Janeiro, o programa de Agricultura Urbana foi iniciado nos quintais das mulheres em 1999. A proposta consistia em incentivar o uso dos quintais domésticos e outros espaços dentro da comunidade para a prática da agricultura urbana. “O quintal é o lugar da segurança alimentar, da tradição, da complementação da renda da família e de estratégias de conservação da biodiversidade”, diz Renata. No lugar onde florescem frutos e folhas que alimentam e cuidam de suas casas, florescem as oportunidades para superar as condições desiguais das relações sociais de gênero.

Marcio Mendonça conta que no início a participação foi predominantemente feminina. “As mulheres são as pessoas que têm maior envolvimento com prática da agricultura nos quintais”, afirma. Segundo ele, o quintal, também conhecido como arredor de casa ou terreiro é domínio delas, expressão de sua criatividade e resistência. “Há muitos casos em que elas são as principais responsáveis pela manutenção econômica da família. Em especial, naqueles em que a família não segue o padrão homem-mulher- filhos. Muitas são as chefes de famílias que cuidam sozinhas das crianças. Em outras situações, vivem oprimidas dentro da própria casa na sociedade machista. As mulheres encontram nos quintais o espaço para a externalização dos seus sentimentos”, afirma.

Roceiras, doceiras, poetas, gestoras do meio ambiente e empoderadas

De acordo com a assessora Renata, o feminismo é a base deste trabalho desenvolvido pela AS-PTA, tendo como ponto de partida as experiências cotidianas. Essa metodologia é utilizada na região Metropolitana do Rio de Janeiro e no Polo da Borborema, na Paraíba, onde a organização também atua. “O despertar é no dia a dia e consideramos que dar visibilidade às experiências é o caminho inicial, que abre as portas para todas as questões que o feminismo traz. O processo de formação é dinâmico e contínuo”, esclarece. Renata aponta a necessidade de construir e fortalecer os espaços de diálogo e auto-organização, de onde emergem temas comuns às mulheres, próximos de sua realidade, que abrem caminho para a construção da autonomia e o enfrentamento dos desafios.

Na região metropolitana do Rio de Janeiro as cozinhas e as feiras agroecológicas apoiadas pelo Projeto Alimentos Saudáveis nos Mercados Locais, com o Patrocínio da Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental, têm cumprido este papel de espaço de encontro e reflexão onde se apura a dimensão social e política da mulher na agricultura; onde elas experimentam a autonomia de comercializar diretamente para o consumidor o que produzem e obterem renda da atividade. “Nos espaços de comercialização, elas cultivam e processam os alimentos e se reinventam. Levam a diversidade de suas roças, a criatividade com que cuidam de seus quintais, trocam experiências e tornam visíveis o seu trabalho”. Daí a importância dos encontros coletivos com as mulheres, partindo da experiência delas para tratar os problemas invisíveis ou ocultos.

E mulheres que marcham, sempre em frente

Na Paraíba, quem está à frente do trabalho com mulheres é Adriana Galvão, assessora técnica da AS-PTA, que reforça o viés metodológico da organização para atuar com a complexidade envolvida na presença da mulher no campo. “Essa opção metodológica fez com que construíssemos na Paraíba um forte movimento de mulheres. Em março desse ano, saímos nas ruas do município de Lagoa Seca com mais de 5 mil mulheres na Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia”, destaca. A marcha é uma atividade realizada desde 2010 pelo Polo da Borborema, um fórum de sindicatos e organizações da agricultura familiar que congrega 14 municípios e mais de cinco mil famílias do Agreste da Borborema, que conta com a assessoria da AS-PTA.

Na Paraíba, o trabalho teve início em 2002 a partir de um diagnóstico sobre o trabalho produtivo das mulheres, quando se construiu o conceito do Arredor de casa. Em 2003, o Polo da Borborema constituiu a Comissão de Saúde e Alimentação, espaço onde se passou a organizar o trabalho produtivo e a participação social e política das mulheres. Adriana comenta que a instituição passou a indagar como que a agroecologia tem influenciado na superação das desigualdades. E em 2007, a AS-PTA passou a problematizar junto à rede de agricultoras-experimentadoras sobre as desigualdades. “O propósito é que elas se reconheçam em suas capacidades, aprimorando suas habilidades produtivas. O quintal, espaço antes invisível, passa a ser visto como um local produtivo e de visibilidade. Mais fortalecidas, passam também a problematizar sua vida e sua condição como mulher”, explica. Os encontros regulares com a Coordenação Ampliada do Polo também possibilitam momentos de formação e problematização das desigualdades. “Utilizamos instrumentos pedagógicos como a literatura de cordel, vídeos, teatros, vídeo-novelas e dinâmicas, buscando desnaturalizar as desigualdades e todas as formas de violência contra a mulher, com foco na justiça social”, esclarece a assessora.

Destaca-se ainda a atuação da AS-PTA no Comitê Ana Alice, que foi constituído para o enfrentamento da violência contra a mulher. O nome do comitê é em homenagem a uma jovem militante que foi estuprada e assassinada em 2012, crime que será julgado no dia 18 de agosto próximo. A participação em outras frentes de luta renova o ânimo e as forças. Por isso, Adriana cita que o Polo está se organizando para participar da Marcha das Margaridas, que ocorrerá entre os dias 11 e 12 de agosto, em Brasília. Esta marcha é uma organização política das trabalhadoras rurais em favor do desenvolvimento sustentável com “justiça, autonomia, igualdade e liberdade”.

A assessora sinaliza as mudanças que vêm ocorrendo, entre as quais, a ocupação feminina nos 14 sindicatos que compõem o Polo, chegando a ter participação de 50% de homens e 50% de mulheres na Coordenação Executiva do Polo. “Percebemos que as lideranças masculinas estão sensibilizadas. Mas é um processo de luta contínuo. A revolução não está pronta. Temos muitos avanços, ora retrocessos, mas a marcha segue em frente”, declara. Para Marcio, coordenador do programa de Agricultura Urbana, a visão machista prevalece na sociedade, apesar dos avanços conquistados. “Aos poucos é preciso que as mulheres ocupem mais espaços nas associações, nas igrejas, nas cooperativas. É preciso que os homens reconheçam o papel das mulheres e que as próprias rompam com as relações de subjugação, de exploração, e de falta de reconhecimento”, complementa.

Adriana acrescenta a experiência da última Marcha que foi capaz de envolver no processo de preparação a Secretaria de Educação para formação de professores da zona rural. Com isso, levam-se para a sala de aula os temas pertinentes à realidade das agricultoras. Outra parceria importante é com o Centro de Referência da Mulher para encaminhar casos de violência doméstica. “Como resultado claro desse trabalho, as mulheres passam a enxergar que elas têm direitos e não mais aceitam uma vida marcada pela violência”, conclui.

Com base em pesquisas sobre o campesinato, a presidenta do Consea, Maria Emília, demonstrou que a distribuição do produto do trabalho tende a ser mais igualitária nos sistemas agrícolas, como o modelo agroecológico, em que a mulher participa das decisões do planejamento e da forma de dispor os produtos. Ela também apontou evidências de que quando se amplia a geração de renda familiar com presença feminina, aumenta as opções estratégicas, criando-se, assim, condições para que elas tivessem maior autonomia e poder de decisão.

De acordo com a pesquisadora em desenvolvimento sustentável, Emma Siliprandi, a invisibilidade feminina na agricultura familiar está vinculada às formas como se organiza a divisão sexual do trabalho e de poder no modelo de produção industrial, em que o homem comanda a unidade produtiva. Embora as agricultoras trabalhem no conjunto da atividade (preparo do solo, plantio, colheita, criação de animais, transformação de produtos e artesanato), só são reconhecidas pelas atividades consideradas extensão do seu papel de esposa e mãe (preparo dos alimentos, cuidado com os filhos). E, ainda assim, como status inferior, não tem o mesmo peso das ocupações masculinas.

O reconhecimento da mulher na produção de alimentos vem sendo reivindicada e discutida com maior abrangência tanto nas organizações da sociedade civil, entidades intergovernamentais e Estado. Em junho de 2015, foi realizado o Seminário Regional de Agroecologia na América Latina e Caribe, que resultou num documento oficial com compromissos de fortalecer a produção familiar, camponesa e indígena, além da segurança alimentar por meio da agroecologia. As mulheres e os jovens foram apontados como os guardiões da biodiversidade, especialmente das sementes e das raças crioulas.

Essa é uma luta constante, em que as mulheres, tal como escreveu Cora Coralina, vão descobrindo as muitas mulheres que convivem numa só. É a roceira, a doceira, a gestora do ambiente, a empoderada, a militante, a engajada, a guerreira, a batalhadora e vencedora, que estão sempre em marcha.

Referências bibliográficas

SILIPRANDI, Emma. Um olhar ecofeminista sobre as lutas por sustentabilidade no mundo rural. In: Agricultura familiar camponesa na construção do futuro. Rev. Agriculturas, pp 139-151. Ed. AS-PTA, Rio de Janeiro, 2009.

Conhece as Mulheres da Zona Oeste do Rio de Janeiro?

Conhece as Mulheres do Polo da Borborema?

Carine Santos compartilhou um link.



Práticas ancestrais de agricultura da Escuela Nasa Para la Vida

August 8, 2015 9:02, von Economia Solidária e Feminista - FBES - 0no comments yet

Rádio Yandê

14 h ·

Animação mostra práticas ancestrais de agricultura da Escuela Nasa Para la Vida Tejido Educativo de la ACIN.

Texto original: Escuela Nasa para la Vida -Finca Chorrillos

Adaptação para video – Escuela Nasa para la Vida y Féminas Festivas. Voz en off: Patricia Mestiza. Musica: Orquesta de Instrumentos Andinos del Resguardo de Huellas-Caloto

Animação: Lina Gaitán.

https://vimeo.com/124069454



GT DE MULHERES DO FBES

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