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NOTA DE REPÚDIO: As mulheres brasileiras exigem respeito!
July 2, 2015 16:03 - no comments yetNOTA DE REPÚDIO: As mulheres brasileiras exigem respeito!
2 de Julho de 2015 por isabelleazevedoce Deixe um comentário
O CLADEM, Comitê Latino Americano e do Caribe em Defesa dos Direitos das Mulheres, a Marcha Mundial das Mulheres, a Central Única dos Trabalhadores, a União Brasileira de Mulheres, a Rede Feminista de Saúde, a Secretaria Estadual de Mulheres do PT/RS, o Coletivo Feminino Plural, a THEMIS Gênero Justiça e Direitos Humanos, a Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra a Mulher – AL/RS, o Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres do Rio Grande do Sul e o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Porto Alegre – CONDIM, vêm expressar repúdio contra os adesivos de carro com mensagem sexista e uso da imagem da Presidenta Dilma Rousseff. Tamanho desrespeito dispensa a descrição ou a divulgação da imagem nesta nota.
A liberdade de expressão tem limites regulados em lei. Qualquer tentativa de protestar contra o aumento do combustível ou contra a chefe do Executivo brasileiro ultrapassou os direitos de imagem, e passou a configurar afirmação de violência contra a mulher. A imagem da mulher no adesivo,remetem a mensagem de uma violência sexual, o que por si é uma expressão inadmissível de suportar diante do atentado a dignidade sexual que convivemos cotidianamente. Além disso, a mulher em questão é a Presidenta da República, o que reforça a violência sexista que enfrenta a mulher na política.
As mulheres brasileiras se sentem ofendidas, desrespeitadas. Expressões como essa não retratam o exercício de democracia. É escárnio, deboche, é violência contra a mulher! Vai de encontro à Convenção Interamericana pela Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a mulher – CEDAW, que o Brasil ratificou junto ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos.
A circulação da imagem é ato discriminatório contra as mulheres brasileiras e contra a Presidenta Dilma. Tanto em mídia eletrônica quanto nos adesivos em veículos nas cidades brasileiras. Exigimos a proibição dessa circulação pelos meios judiciais cabíveis junto à polícia e o Governo Federal, assim como a responsabilização cível e penal dos responsáveis.
Porto Alegre, 01 de julho de 2015.
CLADEM Brasil – Comitê Latino Americano e do Caribe me Defesa dos Direitos das Mulheres
Marcha Mundial das Mulheres
Central Única dos Trabalhadores
União Brasileira de Mulheres
Rede Feminista de Saúde
Secretaria Estadual das Mulheres do PT/RS
Coletivo Feminino Plural
Themis Gênero Justiça e Direitos Humanos
Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência Contra a Mulher – Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul
Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Porto Alegre

Economia Solidária (FBES) :: Carta FBES ao Ministério do Trabalho e Emprego
June 27, 2015 23:50 - no comments yetPor Coordenação Executiva FBES Diante dos recentes acontecimentos, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária manifesta suas preocupações com a continuidade da estratégia política construída ao longo destes últimos 12 anos. Os rumores de uma possível mudança e desmanche dos quadros da Secretaria Nacional de Economia Solidária só prejudicam a consolidação e uma outra economia voltada para o desenvolvimento sustentável e solidário que tanto lutamos. Neste sentido, o FBES torna público a carta enviada ao Ministro Manoel Dias, do Ministério do Trabalho e Emprego. Leia a carta abaixo: Brasília, 25 de junho de 2015. Excelentíssimo Senhor Manoel Dias Ministro do Trabalho e Emprego Ofício FBES nº 042/2015 O Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES é uma plataforma de articulação que congrega empreendimentos econômicos solidários, entidades de assessoria e fomento e gestores públicos organizados em rede, pela construção da Economia Solidária enquanto estratégia social, política e econômica, presente hoje nos 27 Estados brasileiros e com articulação nacionais e internacionais. Este conjunto de organizações e movimentos sociais assume a economia solidária como alternativa viável para o enfrentamento da miséria, da vulnerabilidade, da cidadania em vista de outro desenvolvimento. Viemos, por meio desta, manifestar nossa preocupação sobre a possibilidade de um desmanche do quadro da Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES, que significaria um desmonte de toda estratégia política que foi construída pelo movimento de economia solidaria brasileiro e que a III Conferência Nacional de Economia Solidária reafirmou, também a desmobilização e desmonte do Plano Nacional de Economia Solidária e todas as incidências realizadas sobre o Plano Plurianual – PPA, que estão sendo construídas, entendendo que o desmanche da SENAES, representa um grande prejuízo e seria um retrocesso para nossa democracia. Senhor Ministro, afirmamos a nossa confiança nas suas recentes declarações sobre a Economia Solidária e a sua admiração pela capacidade e funcionamento da SENAES. Neste sentido, pedimos um posicionamento do Excelentíssimo Senhor sobre a questão colocada acima, para retorno da tranquilidade e continuidade dessa agenda positiva que vai tomando corpo e se enraizando como política pública transversal. Atenciosamente, Fórum Brasileiro de Economia Solidária Imagem: Retirada da divulgação da SGPR.

ONU abre inscrições prêmio anual de Igualdade de Gênero e Integração em Tecnologia | ONU Brasil
June 24, 2015 23:04 - no comments yetONU abre inscrições prêmio anual de Igualdade de Gênero e Integração em Tecnologia
- Publicado em 22/06/2015
- Atualizado em 22/06/2015
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União Internacional de Telecomunicações (UIT) e a ONU Mulheres incentivam homens e mulheres que trabalham no setor das tecnologias de informação e comunicação (TICs) a enviar indicações até o dia 31 de julho.
Entre os objetivos do prêmio está reconhecer iniciativas que ajudem a fechar a brecha digital entre países, possibilitando um acesso igualitário. Foto: PNUD
As candidaturas estão abertas para a o prêmio anual Igualdade de Gênero e Integração em Tecnologia (GEM-Tech), uma condecoração global que reconhece contribuições notáveis de mulheres e homens para alavancar o potencial das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na promoção da igualdade de gênero.
A premiação em 2015 traz três categorias: Aplicação de Tecnologia para o Empoderamento das Mulheres, Mulheres no Setor de Tecnologia e Governança de Tecnologia Sensíveis ao Gênero, Política e Acesso. Candidaturas online estão abertas até às 11h59 do dia 31 de julho. Para inscrever-se, clique aqui.
União Internacional de Telecomunicações (UIT) e a ONU Mulheres incentivam homens e mulheres que trabalham no setor das TICs para nomear os seus colegas, ou a si próprios, com os três vencedores finais a serem selecionados por um comitê de especialistas da UIT, ONU Mulheres e dos vencedores do GEM-Tech 2014.
Os prêmios serão entregues em uma cerimônia a ser realizada em Nova York, em dezembro, como parte das atividades em torno da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. Os vencedores viajarão à cidade para receber seu prêmio das mãos do secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT), Houlin Zhao, e da diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuk.
Saiba mais sobre o prêmio aqui.
Agência ONU MulheresUIT
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5 motivos para discutir questões de gênero na escola
June 19, 2015 12:30 - no comments yetA menos que você pense que homens são superiores às mulheres, não há motivos para ser contra discutir questões de gênero nas escolas. Se você ainda não entende a relevância desse tema, veja cinco motivos pelos quais gênero é assunto da educação.
Desde quando nascemos, somos ensinados o que podemos ou não podemos fazer de acordo com nosso gênero. O doutrinamento de gênero começa com as cores dos enxovais, os brinquedos que ganhamos de presente e o tipo de roupa que nossos pais nos dão para vestir.
Meninas usam vestidinhos de princesas, meninos usam camisetas de super heróis. Enquanto os garotos brincam com carros, brinquedos de montar e praticam atividades que lhes estimulam o contato com o mundo exterior, as meninas recebem jogos de panelas, pias, utensílios domésticos de brinquedo e aprendem a brincar com bonecas, fingindo que são mães. As garotas ganham Barbies de cabelos loiros, com corpos irrealmente magros, e escutam que precisam ser bonitas e agir como donzelas.
Isso é o que chamo de doutrinação de gênero. Nossa cultura tem uma forte ideologia de gênero sendo disseminada pela sociedade, nas escolas, nos ambientes de lazer e nas famílias brasileiras, sejam ela tradicionais ou não. E a pior parte disso é que essas ideias sobre o que é “ser menino” ou “ser menina” estão contaminadas por hierarquizações; ou seja, as crianças acabam aprendendo que meninos podem fazer mais coisas e que as meninas devem agir de maneira submissa e contida. Na prática, o machismo é perpetuado: os homens aprendem a ser predadores e as mulheres enfrentam altos índices de violência machista – aquela que acontece contra as mulheres por motivações misóginas, como a ideia de que devem obedecer seus parceiros ou que não podem rejeitar um avanço sexual.
Se você ainda não entende a relevância desse tema, veja cinco motivos pelos quais as questões de gênero precisam ser discutidas ainda na escola:
- Divisão desigual de tarefas domésticas
A Plan Brasil realizou uma pesquisa com meninas de 6 a 14 anos, em 2014, e os resultados mostram que a desigualdade entre homens e mulheres começa em casa: 76,3% dos lares são cuidados exclusivamente pela mãe. E já que a mãe é a responsável pelos cuidados domésticos e infantis, a ideia de que mulheres devem ser as únicas responsáveis por essas tarefas se naturaliza. Por isso, 81,4% das meninas entrevistadas responderam que arrumam a própria cama, 76,8% lavam a louça e 65,6% limpam a casa, enquanto apenas 11,6% dos seus irmãos arruma a própria cama, 12,5% lavam a louça e 11,4% limpam a casa.
Por qual motivo as garotas são as únicas que “ajudam” as mães nos cuidados domésticos, enquanto os garotos desfrutam de mais tempo livre para brincar e estudar? Esse tipo de informação ainda soa muito naturalizada para as pessoas; afinal, mesmo entre adultos, essa divisão do trabalho é uma realidade. Enquanto os homens descansam, as mulheres se desdobram em jornadas triplas de trabalho: fora de casa, dentro de casa e com as crianças.
Se as questões de gênero fossem discutidas nas escolas, as crianças teriam a oportunidade de entender que todos são responsáveis pelos cuidados do lar e que a paternidade não é isenta de tarefas dedicadas aos filhos.
- Machismo no ambiente educativo
Segundo uma recente pesquisa realizada pela Agência ÉNois, com garotas entre 14 e 24 anos, 39% já sofreram algum tipo de preconceito na faculdade por serem mulheres. Ou seja, as garotas podem até estudar, mas nem por isso deixam de enfrentar o machismo dentro das salas de aula. Em muitos casos, os professores são os próprios responsáveis pelas situações de discriminação, quando tecem comentários sexistas ou constrangem suas alunas. Além disso, os colegas homens também podem exercer um papel assediador e agressor nesses ambientes – muitas universidades brasileiras enfrentam casos gravíssimos de estupro e violência contra as alunas.
No ambiente escolar infantil, a discriminação pode existir de maneiras naturalizadas – como a divisão desigual do acesso aos esportes, quando os meninos têm mais dias e tempo na quadras, ou quando atividades são separadas de acordo com o gênero das crianças.
- O machismo amedronta as garotas
De acordo com os dados divulgados pela Agência ÉNois, 94% da jovens entrevistadas já sofreram assédio sexual verbal feito por homens, enquanto 90% já deixaram de fazer alguma coisa devido ao medo da violência. Se 9 entre cada 10 garotas já deixaram de fazer algo por conta do medo de sofrerem assédio, de serem vítimas de estupro ou de enfrentarem outros tipos de violência, isso mostra que nossa sociedade não permite que as mulheres sejam realmente livres. Essa falta de liberdade encontra reforço no silêncio e na ausência de discussões educativas sobre o que é machismo.
Para que esses números diminuam, é preciso que os garotos aprendam, desde cedo, que o respeito pelas mulheres é algo mandatório. Não estamos falando aqui de ensinar qual time torcer, qual religião professar ou que tipo de posicionamento político adotar; falamos sobre violência, de mulheres apanhando, sendo estupradas e morrendo. O respeito pelas mulheres não é opcional ou questão de opinião.
- O machismo afeta o desenvolvimento das garotas
Segundo as informações colhidas pela Agência ÉNois, 77% das garotas acham que o machismo afeta seu desenvolvimento. Isso acontece porque as meninas crescem ouvindo que não podem realizar certas atividades, que determinadas profissões são “masculinas” ou que elas devem adotar um tipo de comportamento que as limita. Ditar barreiras que as meninas não podem transpor só pelo fato de seres meninas é algo que prejudica muito o seu desenvolvimento – isso mina sua autoconfiança, destrói sua autoestima e as ensina que não são capazes, somente por serem do gênero feminino.
- Trabalhar a igualdade na escola pode ser muito simples
Esqueça os longos textos cheios de termos acadêmicos e as discussões complexas sobre o que é gênero e o que é sexualidade – eles podem ter um papel importante na Universidade e em outros ambientes educativos, mas, com crianças, as questões de gênero são muito mais simples.
Estimular que as crianças se divirtam juntas, sem fazer distinção entre elas, sem impor que brinquem com brinquedos e atividades separadas pelo gênero – ou ainda permitir que adolescentes transgênero tenham um ambiente seguro onde sejam respeitados – são coisas desenvolvidas na prática, de maneira tão fluida quanto são naturalizadas as ideias machistas.
Professores capacitados se tornam aptos a discutir sobre questões de gênero de maneira acessível, utilizando exemplos, atividades lúdicas e conversas sinceras. Até mesmo um desenho animado pode repassar mensagens positivas sobre equidade entre meninos e meninas. As crianças são capazes de aprender muito rapidamente – para assimilarem e reproduzirem valores de respeito umas pelas outras, somente uma educação livre de machismo será capaz de favorecer.
Eduque-se também
A menos que você pense que homens são superiores às mulheres e que as coisas devem ser mantidas como estão – ou ainda que devem voltar a um modelo mais parecido com o do passado, onde mulheres eram ainda mais submissas e mais dependentes dos homens -, defender que questões de gênero sejam discutidas nas escolas é uma excelente opção. Talvez essa seja melhor forma de promover a equidade e combater os altos números de estupros, feminicídios e violência doméstica, além de desestimular a desigualdade salarial e outras tantas mazelas que se baseiam no machismo.
Muitos julgam ter a cabeça já bem “moderninha” e pensam que os tempos são outros. Porém, por mais que tenhamos avançado bastante na conquista dos direitos das mulheres, no dia-a-dia a cultura machista ainda é dominante. Embora leis sejam importantes, elas não solucionam definitivamente o problema da violência contra a mulher, porque somente um esforço educativo pode disseminar valores de igualdade e respeito. Por isso, discutir gênero nas escolas é importante e urgente: afinal, o papel do ambiente escolar não é somente preparar os alunos para provas e vestibulares, mas também promover a cidadania e a responsabilidade social para professores, coordenadores, funcionários, alunos e suas famílias.
Aproveite que é o assunto tratado é educação e eduque-se com responsabilidade.
Por Jarid Arraes
http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/2015/06/19/5-motivos-para-discutir-questoes-de-genero-na-escola/
Esalq: lista de nomes de alunas é controle da sexualidade – Nádia Lapa
June 18, 2015 18:37 - no comments yetEsalq: lista com nomes de alunas é controle da sexualidade da mulher
O sexo, a esta altura e há muito tempo, deveria ser algo natural, prazeroso, consensual e seguro. Lista da Esalq mostra que não
18 de junho de 2015 | Por: Nádia Lapa | Categoria: Comportamento, Sexualidade
De novo, toda hora: alunos da Esalq-USP fizeram uma lista com nomes de alunas e o comportamento sexual delas. Dividiram em três categorias: buceta fedida, teta preta e sociedade do anel. Racismo e misoginia, tudo junto e misturado. O que os rapazes fizeram não tem absolutamente nada de criativo. Mulheres têm a sexualidade perseguida e vigiada o tempo todo, não importa a idade. Sexo não é para mulheres.
Basta ver a quantidade de mitos cercando nossos pensamentos. A mulher é passiva, o homem é ativo. A mulher não tem desejo sexual, o homem é incontrolável. A vagina fica frouxa, nenhum homem vai te querer depois de você transar com outros, se fizer sexo na primeira noite o cara vai te abandonar. O negócio é tão absurdo que eu já recebi diversos relatos de leitoras contando como elas não fazem certas posições logo ao começar a sair com um homem para ele achar que elas são inexperientes. Preocupante.
Para quem me lê há tempos, nada do que eu disse é novidade. Permitam-me falar um pouco da minha história. Sempre fiz sexo quando quis (ou achei querer) e possivelmente alguns parceiros falaram bastante mal de mim. Eu não ligava. Minhas amigas e amigos sabiam do que eu fazia e, ao menos na minha frente, jamais me julgaram. Até em 2011, quando comecei um blog com pseudônimo onde relatava minha vida sexual. A enxurrada de absurdos que recebi foi assustadora, desde fotos de pintos até comentários (muitos) desejando minha morte lenta e dolorosa, de preferência em decorrência de alguma doença sexualmente transmissível. Ali percebi que minha sexualidade era tudo menos livre – e foi quando comecei a me aproximar do feminismo e dos estudos sobre sexualidade.
O que me preocupa na história da Esalq ou de todas as outras noticiadas diariamente é estarmos andando pra trás. O sexo, a esta altura e há muito tempo, deveria ser algo natural, prazeroso, consensual e seguro. É a “infinita estupidez humana e sua arte suprema de manter a si mesmo e aos próximos eternamente infelizes. Todos vigiando a todos para que ninguém faça o que todos gostariam de fazer”, diz Gaiarsa. Mas eu o complemento: ainda que a sexualidade masculina seja, sim, também regulada, a da mulher é proibida.
Existe um inegável duplo padrão moral. Mulheres são putas (e, por favor, não me venham com a ressignificação da palavra, isso só existe nas nossas cabeças, no mundo real puta continua sendo pejorativo) e homens são garanhões. Mesmo quando a mulher está fora dos padrões ocidentais de beleza, chamam o cara de “guerreiro”, “corajoso”. Enquanto o homem vai ganhando pontos a cada transa, aumentando seu capital simbólico e considerado experiente, a mulher vai perdendo valor, como se tal coisa fosse possível. Continuamos confundindo vida sexual com caráter.
Trabalhando com sexualidade e fazendo uma análise minuciosa da minha vida sexual, vejo quantas vezes eu fiz sexo sem desejar. Eu já estava ali mesmo, um a mais, um a menos, qual diferença faria? Ou então me senti grata pelo parceiro ser muito mais bonito do que eu. Impossível esquecer das vezes nas quais eu preferia que tudo acabasse logo, pois estava sem a menor vontade, mas era minha obrigação de mulher estar ali, disposta e disponível. Penso em quantas das alunas dessa lista fizeram sexo por fazer, talvez para parecerem modernas, talvez por alguma coação social, talvez porque nos ensinaram que sexo é um jeito de “prender” namorado, já que nosso valor está em termos um namorado ou marido. Mulher não existe sozinha, ela existe em razão do outro.
Para terminar, tenho três pedidos a fazer às garotas, e eu sei muito bem que não será fácil:
– Se engajem em situações sexuais apenas quando estiverem certas de si mesmas, com desejo e com proteção;
– Não falem da vida sexual das outras mulheres. Mesmo que você não curta uma conhecida, o que ela faz na cama não é da sua conta. Às vezes falamos para nos enturmarmos com os caras. Mas acredite em mim: você nunca será um deles, e na primeira oportunidade eles também falarão de você;
– Conversem entre si. Sem medos, sem achar que estão numa disputa. O cara que foi babaca com um será babaca com outra, isso é incontestável. Assim vocês podem se precaver.
De forma nenhuma estou dizendo que a culpa da sexualidade feminina ser proibida é das mulheres. O sistema é muito poderoso e beneficia os homens; eu só peço que nós cuidemos mais de nós mesmas e das nossas amigas, pois essa ligação nos torna mais fortes.
***
Eu não posso deixar de me questionar: onde estão os homens feministas? Onde eles estavam quando essa lista foi criada? Porque não é trabalho de um cara só. Onde estão os homens para lutarem contra os comentários pejorativos que os outros homens fazem? Homem feminista só serve para dizer como mulheres devem construir o feminismo, ou estão realmente engajados em acabar com o sexismo? Hum, foi o que achei.
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Educadora sexual, especialista em gênero e sexualidade e jornalista.
Tags: Esalq
