10 Resoluções feministas para 2016 — Medium
4 de Janeiro de 2016, 14:56 - sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.10 Resoluções feministas para 2016
2015 foi o ano em que a palavra “feminismo” bombou nas redes sociais, mesas de bar e até na mesa de jantar das mais tradicionais famílias. Infelizmente, o feminismo continua pop para aquelas que podem pagar os R$ 16 na edição de dezembro da revista Elle, que traz modelos com jargões feministas atravessados em seus corpos. Trendy.
Bom, já que tantas de nós somos feministas, e agora? O que você vai fazer sobre isso? Resolvi trazer algumas sugestões de resoluções feministas para as mulheres que estão aprendendo sobre feminismo, ou até mesmo já conhecem bastante sobre o movimento, mas que sentem falta de uma aplicação prática além de compartilhar aquela imagem sagaz no Facebook.
1. Doe recursos
Se você tem condições financeiras de doar para um coletivo, grupo ou organização que ajude mulheres, faça isso. A grande maioria deles trabalha com auto-gestão, ou seja, não recebe dinheiro de instituições, partidos ou do governo. As militantes tiram grana e outros recursos do próprio bolso para manter seus projetos funcionando, e isso significa que elas estão, frequentemente, sozinhas. Qualquer quantia ajuda, e muitas outras coletivas também aceitam doação de roupas, absorventes, sabonetes e tantas outras coisas que mulheres em situação de risco precisam. Se você não tem grana ou este tipo de recurso e ainda quer ajudar, que tal ajudar com atividades como panfletagem em eventos feministas?
2. Divulgue o trabalho de mulheres
Ok, todos entendemos que você tem uma grande paixão por Chico Buarque e que seu escritor preferido é homem. Isso não quer dizer deixar de lado o trabalho artístico e cultural de mulheres, já que para artistas é muito comum que o sonho de ser escritora, por exemplo, acabe ficando para trás por causa do compromisso de cuidar da família (que não é imposto aos homens). Não é fácil para mulheres se sustentarem como artistas ou mesmo ter seu trabalho reconhecido: somos minoria. Dizem que ser artista é coisa de mulher, mas quem está ganhando dinheiro com isso e de fato conseguindo seguir o sonho de ser artista, escritor, pintor, ilustrador, etc, são homens.
3. Compre das minas
Ao invés de comprar aquele vestidinho fofo na Renner, que tal comprar daquela moça que faz à mão e está tentando ser independente financeiramente? Existem muitas mulheres vendendo serviços (que vão desde maquiagem e fotografia até carretos e consertos da casa. Sem papéis de gênero aqui!) e produtos diversos. Que tal priorizar restaurantes, bares e lojas de mulheres? Frequentemente somos diminuídas até mesmo no nosso ganha pão e não temos a auto-estima boa o suficiente para acreditar no nosso trabalho, além de muitas mães solteiras estarem tentando cuidar de seus filhos enquanto trabalham em casa, por exemplo. Comprar dessas mulheres é uma forma de incentivar não só que elas continuem acreditando no que fazem como também assegurar que elas tenham independência financeira de homens (pais, maridos, namorados, irmãos, etc).
4. De fato pratique sororidade
A irmandade entre mulheres, ou seja, a sororidade, também ganhou muita popularidade em 2015. Mas será que estamos mesmo praticando isso? Será que algumas mulheres estão, em especial, tendo sororidade com as negras, pobres e lésbicas? Esse é um assunto complexo e merece muito mais do que um pequeno parágrafo, mas fica o spoiler: no geral, não estão, porque se dizem contra o racismo e lesbofobia mas continuam atropelando a fala das amigas negras e ignorando a existência de mulheres lésbicas. Além disso, falar mal da aparência das amiguinhas e ficar competindo não é nada sororitário viu?
5. Foque menos na sua aparência
Embora muita gente goste de dizer que feminismo é sobre “poder escolher”, não é porque você adora maquiagem que maquiagem é feminista. É patriarcal que mulheres se sintam tão compelidas a gastar tanto tempo e dinheiro com sua aparência e, a partir disso, passem a medir seu valor com base num corpo magro ou numa pele sem imperfeições. Você não precisa ser bonita e essa não é sua função no mundo. Que tal pegar a grana daquela depilação e gastar numa massagem bem gostosa?
6. Pare de assistir pornografia
Se você consome pornografia (paga ou não, em vídeo, gif ou foto), está na hora de repensar, miga. Essa indústria sobrevive da exploração e estupro de mulheres, e existem muitas, muitas, muitas ex atrizes que hoje militam pelo fim da pornografia. O índice de suicídio e de abuso de drogas entre elas é altíssimo, e o principal método que elas usam para tirar a própria vida é enforcamento. Antes que você cite as “exceções”, deixo a pergunta: o absurdo número de mulheres exploradas e que sofreram e sofrem na indústria não é suficiente? Mais informações aqui.
7. Converse com mulheres mais velhas
Por mais que pareça que mulheres como sua mãe, avó ou vizinha sejam conservadoras demais ou “chatas”, acredite: elas viveram num mundo misógino e patriarcal por mais tempo que você e sabem coisas sobre ser mulher que você não sabe. Assim como elas também têm muit a aprender com você, que está tendo acesso a tantas informações que elas não puderam ter. Aproveite esse laço.
8. Leia teoria feminista
Se você tem alguma facilidade para leitura de material não ficcional e, até certo nível, acadêmico, aproveite 2016 para ler sobre feminismo. Embora o feminismo passe longe de ser um movimento restrito a universitárias e mulheres com ensino superior (ou mesmo alfabetizadas), existem muitas mulheres feministas que escrevem material super digno da leitura. Não é difícil e se você já se interessa por leituras não ficcionais relacionadas a realidade das mulheres vai devorar os livros mais famosos de teoria feminista como O Segundo Sexo e O Mito da Beleza. É importante aprender o que as mulheres antes de nós estavam estudando e a luta feminista pelo acesso à educação não deve ser deixada de lado. Os blogs têm sua importância e jamais devemos deixá-los de lado, mas incluir um livrinho feminista no seu 2016 pode acrescentar mais do que você imagina.
9. Dê o fora naquele seu amigo escroto
Sabe aquele amigo que você sabe que é machista, que é escroto com a namorada, controlador, cheio de piadinhas sem graça misóginas e homofóbicas? Sabe o fato de que você largava pra lá e ria pra ele mesmo assim porque não quer ser a chata do rolê? Passe a fechar a cara. Você não precisa disso. Pra cada homem babaca que sai da sua vida, muitas outras mulheres incríveis aparecem e você se sente muito mais em paz consigo mesma.
10. Entenda que estamos todas aprendendo
Ser mulher não é fácil, e existem muitas pressões de todos os lados. Estamos todas tentando aprender como sobreviver numa sociedade que nos quer mortas ou então dentro de uma caixinha patriarcal e familiar na qual, na verdade, nenhuma de nós se encaixa. Tenha paciência com suas irmãs, ensine o que sabe e aprenda com elas, porque a revolução feminista não acontece no empoderamento individual ou por meio de brigas e separações. A revolução feminista é a libertação das mulheres da dominação masculina, e ela só acontece com nossa união. Esteja do lado das suas amigas e irmãs.

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